Deus tem nos falado desde o início. Adão ouviu a voz
do Senhor no jardim do Éden. Deus também falou a Eva, e ela sabia quem estava
falando, e deve ter tremido pois reconheceu que o desobedecera.
Duas pessoas – um homem e uma mulher – resolveram
desobedecer a Deus e mergulharem num mundo onde a espiritualidade era negra e
morta – um mundo fisicamente improdutivo, a não ser à custa de muito esforço e
sofrimento.
O mundo estava sob a condenação divina. A Bíblia
ensina que o homem se encontra num período de trevas espirituais. "O deus
deste século cegou os entendimentos dos incrédulos." (2 Co. 4:4.) Isaías,
o grande profeta hebreu, disse: "Apalpamos as paredes como cegos, sim,
como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas
trevas, e entre os robustos somos como mortos." (Is. 59:10.)
Ele estava fazendo uma descrição vívida da cegueira
espiritual, que, na realidade, é a escuridão espiritual. Encontrar-se em meio
às trevas é uma experiência terrível.
Quando estive na Inglaterra, logo após a segunda
grande guerra, certo dia o nevoeiro era tão denso que um de nós tinha que caminhar
na frente do carro para evitar que batesse na guia da calçada. Foi uma
experiência que nunca tínhamos vivido antes, uma espécie de black-out
ligeiramente aterrador.
Infinitamente pior será cair em trevas espirituais
eternas. Existem pessoas cegas que "enxergam" melhor que outras que
possuem ótima visão.
Conhecemos uma belíssima jovem coreana, que tem uma
voz maravilhosa, que já foi descrita como "elétrica" e que também
toca piano de forma esplendorosa. Essa jovem, Kim, é cega, mas
"enxerga" melhor que muita gente com visão total, e não considera sua
cegueira como deficiência, mas, sim, como um dom de Deus. Descobri que ela
possui uma grande acuidade mental, psicológica e espiritual, absolutamente
admirável.
O homem também é espiritualmente surdo. Outro grande
profeta disse que o povo "tem ouvidos para ouvir, mas não ouve" (Ez.
12:22). Jesus disse o mesmo, ainda com maior ênfase: "Se não ouvem a
Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite
alguém dentre os mortos." (Lc. 16:31.)
A diferença entre a surdez física e a espiritual é
multo bem ilustrada em nossas campanhas. Sempre temos uma seção do auditório
reservada para os surdos-mudos, e muitas vezes passo ali para apertar a mão
daquelas pessoas. Em certa cruzada, cerca de doze surdos vieram ver-me em meu
gabinete, e conversei com eles através de um intérprete. A luz de Cristo
brilhava claramente na fisionomia de alguns deles.
O mundo dos surdos é muito difícil de ser entendido
por aqueles que desfrutam de uma boa audição. Mas, todos os dias caminhamos num
mundo de pessoas surdas espiritualmente.
Espiritualmente falando, muitos homens estão mais que
surdos e cegos – estão mortos. "Estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados." (Ef. 2:1.) Para os que estão mortos espiritualmente não existe
possibilidade de comunhão com Deus. Milhões de pessoas anseiam por um mundo de
felicidade, luz, harmonia e paz, mas, em vez disso, acham-se envolvidas por um
mundo de pessimismo, trevas, discórdias e tumultos. Elas procuram a felicidade,
mas esta parece fugir delas, assim como um raio de sol ou um facho de luz ilude
a criancinha que tenta agarrá-lo.
Muitos desistem e entregam-se ao pessimismo. Muitas
vezes esta atitude de desespero os conduz a um círculo de festas ou bares, onde
tentam apagar a realidade de seu mundo, com a irrealidade do álcool. Às vezes,
tais pessoas são levadas às drogas ou a dedicar-se desesperadamente a um
passatempo ou esporte. Todos estes são sintomas da grande enfermidade que é o
escapismo, e são causados por uma infecção terrível chamada pecado.
Muitas pessoas gostariam de poder dissecar a Deus em
seus microscópios. Estabelecem seu próprio método de análise e depois não
chegam a nenhuma conclusão. Deus continua sendo, para elas, o grande silêncio
cósmico, desconhecido e invisível. E, no entanto, ele se comunica com aqueles
que se mostram dispostos a umedecê-lo. Ele penetra no silêncio escuro com
revelações francas e vivificantes, através da natureza, da consciência humana,
das Escrituras e da pessoa de Jesus Cristo.
Do livro "COMO NASCER DE NOVO" de Billy Grahm
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